Como realizar cirurgia - passo a passo
Como Realizar uma Cirurgia Eletiva: Tudo o que Você Precisa Saber
Introdução
Olá! Meu nome é Daniel Coelho, sou cirurgião do aparelho digestivo.
Sempre pensando em melhorar e facilitar o atendimento aos pacientes, resolvi criar orientações sobre todo o processo de realização de uma cirurgia eletiva.
Cirurgias eletivas são aquelas que planejamos com antecedência, agendando data e horário no hospital junto à equipe médica. Elas são diferentes das cirurgias de urgência, que ocorrem quando o paciente precisa procurar o hospital imediatamente devido a uma doença aguda, como uma apendicite.
A seguir, explico passo a passo como funciona esse processo:
1º Passo - Indicação da Cirurgia
O primeiro passo para realizar uma cirurgia eletiva é a avaliação médica. O médico faz o diagnóstico e, caso necessário, indica a cirurgia como melhor opção de tratamento.
No consultório, eu explico ao paciente porque a cirurgia é recomendada e quais são as alternativas caso ele decida não realizá-la. Essa conversa é fundamental para que o paciente tome uma decisão informada sobre seu tratamento.
2º Passo - Exames Pré-Operatórios
Após a indicação da cirurgia, é necessário avaliar se o paciente tem condições de passar pelo procedimento e definir a melhor abordagem cirúrgica. Para isso, realizamos os chamados exames pré-operatórios.
Os exames pré-operatórios têm três objetivos principais:
Avaliar o estado geral do paciente, identificando condições que possam aumentar os riscos da cirurgia.
Determinar a gravidade da doença, verificando como ela impacta a saúde do paciente e se há fatores que exigem ajustes no planejamento cirúrgico.
Realizar o estadiamento da doença, em casos em que diferentes graus de comprometimento podem indicar abordagens cirúrgicas distintas.
Os exames incluem:
✔️ Exames laboratoriais – Hemograma, função renal, eletrólitos, coagulograma e outros exames bioquímicos ajudam a avaliar a segurança do procedimento.
✔️ Exames cardiológicos e pulmonares – Para pacientes com fatores de risco, testes como eletrocardiograma, ecocardiograma e prova de função pulmonar podem ser necessários.
✔️ Exames de imagem – Ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética ou endoscopias auxiliam na avaliação da extensão da doença.
✔️ Exames funcionais – Em algumas condições, testes específicos ajudam a definir a técnica cirúrgica mais adequada.
Além do cirurgião, o médico anestesista também participa dessa etapa, avaliando riscos anestésicos e podendo solicitar exames adicionais.
Os resultados desses exames podem influenciar diretamente a escolha da abordagem cirúrgica. Algumas doenças possuem diferentes estágios de evolução, e a estratégia cirúrgica pode ser adaptada conforme a gravidade identificada.
Dica: Mantenha uma pasta com todos os exames e leve-a para todas as consultas e no dia da internação. Isso facilita a organização e evita atrasos.
3º Passo - Solicitação e Autorização da Cirurgia pelo Plano de Saúde
Com a indicação cirúrgica confirmada e os exames pré-operatórios em dia, chega o momento de solicitar a famosa autorização da cirurgia ao plano de saúde.
Essa solicitação é feita pelo médico, que preenche um documento (impresso ou eletrônico) detalhando:
Procedimento a ser realizado
Materiais necessários para a cirurgia
Códigos da cirurgia e dos equipamentos
Hospital onde será realizada a cirurgia
Tempo estimado de internação
Atenção: Autorize a guia do plano de saúde antes de agendar a cirurgia! Isso evita atrasos e frustrações desnecessárias.
Caso o plano de saúde negue a autorização da cirurgia ou de algum material essencial, o médico pode tentar justificar a necessidade do procedimento. No entanto, a negociação também é de responsabilidade do paciente, pois ele contratou o serviço.
4º Passo - Avaliação Pré-Anestésica
Após a autorização do plano de saúde, o próximo passo é a avaliação pré-anestésica, realizada pelo médico anestesista antes da cirurgia.
Essa consulta pode ser feita pelo anestesista que realizará o procedimento ou por outro especialista que fornecerá recomendações à equipe. O objetivo é garantir que a anestesia será administrada com segurança e reduzir riscos intraoperatórios.
O que acontece nessa consulta?
✔️ Revisão dos exames pré-operatórios – O anestesista avalia os exames já realizados e, caso necessário, solicita exames complementares.
✔️ Análise dos riscos anestésicos – São avaliados fatores como alergias, doenças preexistentes e histórico de reações a anestesias anteriores.
✔️ Orientações sobre o jejum e medicamentos – O anestesista indica o tempo ideal de jejum e quais medicamentos devem ser ajustados antes da cirurgia.
✔️ Explicação sobre o tipo de anestesia – O paciente recebe informações detalhadas sobre o procedimento anestésico.
Caso sejam necessários ajustes, a cirurgia pode ser remarcada para garantir a segurança do paciente.
5º Passo - Preparação para a Cirurgia
Com a avaliação anestésica concluída e a cirurgia agendada, o paciente deve seguir as orientações pré-operatórias, que incluem:
✔️ Jejum pré-operatório – Normalmente varia de 6 a 12 horas, conforme a anestesia indicada.
✔️ Ajustes de medicações – Algumas medicações precisam ser suspensas ou ajustadas antes da cirurgia.
✔️ Organização pessoal – O paciente deve providenciar um acompanhante e preparar-se para o período de recuperação.
Muitos hospitais entram em contato dias antes para confirmar a internação e reforçar essas informações.
6º Passo - Internação e Avaliação Final
No dia da cirurgia, o paciente se apresenta ao hospital para a internação.
A equipe realiza uma última revisão, incluindo:
✔️ Checagem dos exames e do prontuário – O cirurgião e o anestesista garantem que está tudo em ordem.
✔️ Avaliação dos sinais vitais – Pressão arterial, temperatura e frequência cardíaca são verificados.
✔️ Última oportunidade para esclarecer dúvidas – O paciente pode tirar qualquer dúvida restante antes do procedimento.
Essa é a fase em que o paciente veste a roupa cirúrgica e pode receber sedação leve, se indicado.
7º Passo - Entrada no Centro Cirúrgico e Cirurgia
Agora chegou o momento da cirurgia. O paciente é levado ao centro cirúrgico, onde a equipe já está preparada.
1️⃣ Monitorização – Equipamentos acompanham os sinais vitais do paciente.
2️⃣ Indução anestésica – O anestesista administra a anestesia conforme planejado.
3️⃣ Procedimento cirúrgico – O cirurgião realiza a cirurgia seguindo o plano operatório.
4️⃣ Encerramento da cirurgia – O paciente é encaminhado para a recuperação anestésica.
8º Passo - Recuperação Imediata no Pós-Operatório
Após a cirurgia, o paciente é monitorado na sala de recuperação anestésica, onde recebe os primeiros cuidados pós-operatórios.
✔️ Monitoramento dos sinais vitais
✔️ Controle da dor
✔️ Alta para o quarto ou UTI, dependendo do procedimento realizado.
Conclusão
Agora sim, a cirurgia foi realizada! 🚀
O acompanhamento médico pós-operatório é fundamental para uma boa recuperação cirúrgica